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  • Foto do escritorIcaro R. Silva

VERÕES DA VIDA



VERÕES DA VIDA


Claro que o inverno é belíssimo. O verde nos estimula facilmente a criação de versos. Mas, no verão, onde o pássaro canta pela escassez da água, canta por estar triste ou por estar alegre? O canto do pássaro no verão é distinto do pássaro que canta no inverno, e reparar nisso é ter um olho bom.


O verão, o chão rachado, é tão fruto de poesia quanto a ramagem de feijão verde no inverno. No inverno, eu vejo a rama do feijão, e logo me vem alguma uma ideia, mas no verão, que não há ramagem alguma, de onde vêm as ideias? 


O verão é semelhante às crises necessárias para o autodesenvolvimento humano, pois onde não se pode ver claramente as ideias no mundo externo, é preciso ir buscá-las mundo interno, no sertão interno de cada ser. E se não houver ideia alguma nesse mundo interno?


É raro não haver nenhuma ideia vagueando dentro de nós, pois temos o sonho, a imaginação. Inventa a ideia, é isso. Não é porque não se tem o verde do inverno que deixaremos de viver. Temos o canto dos pássaros, o chocalho que toca, a galinha que no quintal espreita o milho na cuia para encher o seu bucho.



A visão do mundo pode ser uma questão de pupilas.  A minha miopia não me cega diante do corrupião que vem cantar quase sempre nas horas de meio dia, numa árvore próxima de casa. Enfim, artista, ou, corajoso(a), é quem vence os verões da vida.


(25/04/2021)  Ícaro R. Silva.

@icaro_rsilva


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